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Por: Antonio Moacir Rodrigues Nogueira | Postado em: 22/12/2014

Geoprocessamento: de onde vem e para onde vai?


A comunicação é uma das características que diferencia os hominídeos de diversas outras espécies animais. Qualquer forma de comunicação, seja ela verbal ou escrita, está presente em quase todas as sociedades há séculos. Desde o último século o homem vem desenvolvendo tecnologias que possibilitam a celeridade na comunicação e a sua eficácia. Com a cartografia, ciência responsável pela produção de mapas, não seria diferente.

A necessidade de saber a localização de recursos naturais mobilizou as sociedades a criarem sistemas de posicionamento para encontrarem seus alimentos ou mesmo fugirem de seus predadores. A partir do desenvolvimento da escrita, as sociedades passaram a mapear o espaço onde viviam utilizando morros e rios como referências espaciais para se localizarem ou para representarem a distribuição espacial de um determinado fenômeno. Com os passar dos séculos, diversas tecnologias foram empregadas na elaboração dos mapas: astrolábios, bússolas, sextante, etc.

A história nos mostra que até pombos foram utilizados na elaboração dos mapas durante a I Guerra Mundial. Como os pombos voltam aos seus ninhos, militares acoplavam câmeras fotográficas nos peitos dos animais e soltavam-nos após o território inimigo. Ao sobrevoar as áreas sob controle inimigo essas câmeras registravam através de fotografias as bases militares adversárias. Já na II Guerra Mundial o emprego do transporte aéreo possibilitou que os aviões abrigassem essas câmeras para realizar o imageamento a partir do céu. O avanço destas tecnologias levou a extinta União Soviética a lançar em órbita o primeiro satélite artificial, o SPUTNIK 1. Este satélite não tinha como função captar imagens da Terra, mas foi o precursor de diversos outros que utilizamos atualmente no nosso cotidiano e nem percebemos.

Atualmente as geotecnologias, tecnologias que se utilizam do posicionamento espacial em suas análises, estão crescendo num ritmo nunca antes visto e participam do cotidiano das pessoas sem que elas sequer percebam. Atualmente os smartfones carregam consigo equipamentos de GPS (sistema de posicionamento global) ativados através das antenas que transmitem os sinais telefônicos. Podemos enviar em segundos nossa localização para qualquer contato em qualquer parte do planeta.

Antes mesmo de alcançar a população como um todo, as geotecnologias já vinham sendo empregadas nas mais diversas análises que consideram a posição espacial tão importante quanto o fenômeno em si. O desmatamento na Amazônia vem sendo monitorado, pelo menos, desde a década de 1980. A utilização das imagens de satélite permite o alcance visual de vastas áreas de difícil acesso com enorme economia de tempo. A utilização de softwares especializados também permite a sobreposição de informações em forma de camadas que levaria dias ou meses se fosse elaborada com mapas impressos. Mapas de riscos ambientais, por exemplo, devem considerar uma enorme gama de informações espaciais, tais como distribuição espaço-temporal das chuvas, uso e cobertura da terra, características do relevo, entre outras. Para esses e outros mapas são utilizadas técnicas de geoprocessamento.

O geoprocessamento possui diversas definições. Todas elas associam o emprego de tecnologias computacionais para aquisição, tratamento, manipulação e apresentação de dados espaciais. Esses dados têm as mais variadas características: seja a distribuição dos casos de dengue em um bairro ou a rota migratória de uma espécie de ave. Qualquer informação passível de ser mapeada alimenta um banco de dados que será trabalhado através dos sistemas de informações geográficas (SIG ou originalmente em inglês GIS).

A popularização destas tecnologias nos permite visualizar, sentados à frente do computador ou mesmo com o celular na mão, imagens extraídas a partir do espaço, como por exemplo o software Google Eath™. Ao que podemos observar nas últimas décadas o acesso a softwares especializados vêm se difundindo assim como as imagens de satélite estão cada vez mais detalhadas e com intervalos temporais menores. As técnicas de geoprocessamento vêm sendo empregadas nas mais variadas empresas e órgãos de governo. O mercado de trabalho neste setor é um dos que mais cresce tendo em vista a carência de profissionais especializados já que é uma profissão “do século XXI”.

Diante deste quadro, o UNIFESO está abrindo um curso superior de tecnologia em Geoprocessamento para o ano de 2015. Este curso foi elaborado para pessoas que queiram se inserir rapidamente no mercado de trabalho, tendo em vista seus três anos de duração; e adota como metodologia a relação teoria e prática, pois conta com os softwares e equipamentos mais atuais disponíveis. Cabe destacar também que os formandos deste curso poderão solicitar suas carteiras do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para realizar trabalhos técnicos como, por exemplo, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma demanda crescente na região serrana.

*Guilherme Hissa Villas Boas é bacharel em Turismo e geógrafo. Possui mestrado em Geografia e atualmente cursa o doutorado em Geografia, além de ser professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do UNIFESO.

Fonte: GUILHERME HISSA VILLAS BOAS* - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 16/12/2014 - BELO HORIZONTE, MG